O sol surge sereno e tranquilo.
Os dias se tornaram mais curtos,
E o vento frio está soprando.
(Poema em télugo)
Esta estação1 festiva traz prosperidade para todas as pessoas, enchendo os celeiros dos agricultores com os grãos recém-colhidos em abundância. Não somente os agricultores, mas as pessoas em geral, sentem-se felizes e usufruem desta época. As pessoas atribuem sua felicidade e prosperidade a Deus.
Onde está Deus? Deus está em toda parte. É onipresente: em vocês, acima, abaixo e ao seu redor. Não tem nome ou forma particular. Não nasce nem morre. Só quando há nascimento é que a morte existe também! Portanto, Deus não tem nascimento nem morte! Está presente em cada ser vivo como Atma Swarupa (Encarnação do Divino Atma). Atualmente, o ser humano é incapaz de compreender esse Atma Tattwa (Princípio do Atma).
Bharat (Índia) é uma terra sagrada. Foi o berço de muitas almas nobres e mulheres castas.
Esta terra de Bharat foi o berço de muitas mulheres nobres, como
Savitri, que trouxe o seu marido morto de volta à vida;
Chandramati, que apagou o fogo selvagem com o poder da verdade;
Sita, que provou sua castidade saindo incólume das chamas do fogo, e
Damayanti, que reduziu a cinzas um caçador perverso com o poder de sua castidade.
Esta terra de piedade e nobreza alcançou plenitude e prosperidade e
Tornou-se a mentora de todas as nações do mundo por causa dessas mulheres castas.
(Poema em télugo)
Sri Rama libertou Sita do cativeiro do demônio Ravana, que a confinou em Lanka durante dez meses. Rama tomou-a sob sua guarda após submetê-la ao teste do fogo. O deus do fogo apresentou-a diante de Rama, dizendo: “Ó Rama, Sita é uma grande mulher casta. É tão devotada ao seu esposo que não olhou sequer uma vez para o rosto de outro homem em todos esses dez meses”. Sita saiu ilesa das chamas, e o próprio deus do fogo atestou sua castidade. Pode-se imaginar quão grande e nobre ela era! Pode haver alguém semelhante a essa mulher em algum outro país do mundo?
O país de Bharat (Índia) está situado no centro dos sete mares. Cada homem e mulher neste país devem conduzir-se como Purushotthama (homem nobre) e Pativratha (mulher casta) respectivamente. Não é de admirar-se que vários Avatares (encarnações) tenham nascido nesta terra sagrada. Grandes homens, mulheres e almas nobres podem nascer em qualquer país. Mas Avatares nascem somente no país de Bharat.
Atualmente, as pessoas aspiram por tudo neste mundo, exceto por Deus. As pessoas deixam até mesmo a sua pátria em busca de riquezas e dinheiro. Esse não é um desenvolvimento positivo, especialmente para os Bharatiyas (indianos) já que deles se espera que sobrepujem o desejo pelo dinheiro. Deus é Aquele que sempre dá; nunca tira. Deus nos deseja somente amor, nada mais. O país de Bharat é muito nobre e sagrado, mas as pessoas o estão deixando em busca de melhores oportunidades em outros lugares. Entretanto, aqueles de coração puro e imaculado são apegados a sua terra natal.
Tudo o que Deus espera de seus devotos é um coração puro e sagrado.
As pessoas atribuem a Deus diferentes nomes e formas. De fato, Deus é somente um. Está além de todos os nomes e formas. Assume um nome e uma forma de acordo com o desejo e a aspiração de um determinado devoto. Quando vocês O contemplam na forma de Jesus e desejam vê-lo nessa forma, manifesta-se a vocês como Jesus.
Sarvatah Panipadam Tat Sarvathokshi Siromukham, Sarvatah Sruthimalloke Sarvamavruthya Tishthati (com as mãos, pés, olhos, cabeça, boca e ouvidos permeando tudo, Ele permeia todo o universo). Deus está presente em cada ser humano e não em cada ser vivo. Daivam Manusha Rupena (Deus está na forma de um ser humano). Essa é a razão pela qual os valores humanos são considerados tão sagrados e importantes. Não é suficiente possuir simplesmente um corpo humano. Ao tomar a forma humana, deve-se também cultivar os valores humanos de Sathya (Verdade), Dharma (Retidão), Santhi (Paz), Prema (Amor) e Ahimsa (Não violência).
Vocês não devem mentir sob quaisquer circunstâncias. Se aderirem à Verdade, a Retidão a seguirá. Onde a Verdade e a Retidão andam juntas, haverá paz. Onde houver Paz, também haverá Amor. Não há espaço para a violência onde há Amor. Infelizmente, hoje em dia, existe violência em toda parte, devido à ausência de Amor entre as pessoas. Com quem quer que cruzem nestes dias, há intranquilidade e agitação. As pessoas praticam japa (repetição do Nome de Deus) e tapa (penitência, austeridades) para obter a paz, mas não há paz em lugar algum. Para onde se olha, só há pás, pás, pás!2
É preciso desenvolver o Amor para alcançar a Paz. Antes de qualquer coisa, é preciso desenvolver o Amor. “Amor é Deus, Deus é Amor”. “Verdade é Deus, Deus é Verdade”. Verdade e Amor são realmente encarnação da Divindade. Apesar de Deus ser um, as pessoas atribuem-Lhe nomes diferentes como Rama, Krishna, Govinda e Narayana. Os diferentes nomes e formas atribuídas a Deus são produto da imaginação de poetas e pintores. Por exemplo, Ravi Varma pintou Deus em formas diferentes, baseado em sua imaginação. Mas Deus não pode ser limitado a um nome ou forma particular. Todos os nomes e formas são d’Ele e Ele também as transcende! Deus é imanente em todas as espécies vivas, inclusive nos seres humanos. Toda a criação é manifestação da Divindade.
Deus não tem desejos e aspirações. É altruísta. Tudo, no mundo externo, é reação, reflexo e ressonância de Seu ser interno. Isto é um tecido (mostrando um lenço). Falando estritamente, isto não é um tecido; é um conjunto de fios. Os fios tecidos em conjunto assumem a forma de um tecido. Igualmente, os pensamentos e desejos do ser humano formam a mente. Esses, por sua vez, expressam-se na forma de linguagem. As palavras levam à ação por intermédio dos órgãos dos sentidos. Nesse processo, os homens mantêm alguns maus pensamentos e sentimentos.
Por que Deus deu olhos ao ser humano? Somente para ver o bem. Igualmente, os ouvidos são para ouvir coisas boas e a língua para dizer boas palavras. As palavras que vocês dizem devem ser sempre doces e suaves, nunca ásperas. Logo, considerem sagrado cada membro e órgão do corpo que lhes foi dado por Deus e usem-no adequadamente. Um corpo tão sagrado deve ser dedicado a Deus e a ninguém mais. Deus lhes dá tudo que é necessário para a sua existência. Devem, portanto, instalar Deus no altar do seu coração puro e sagrado.
Deus é onipresente. O Céu é Deus e a Terra é Deus. Todos os seres humanos são encarnações da Divindade. Deus é imanente em cada ser humano na forma da respiração (Soham). O homem deve compreender essa verdade. Só quando compreenderem a verdadeira natureza de Deus é que poderão considerar que adquiriram jnana (sabedoria).
Sabedoria não é mero conhecimento livresco. Algumas pessoas instruídas adquiriram vasto conhecimento a partir dos livros, mas qual delas é um jnani (alma liberta) no verdadeiro sentido? Somente quem compreendeu que “Eu não sou o corpo, não sou a mente; sou Deus” é um verdadeiro jnani.
Quando dizem: “Este é o meu corpo”, quem são vocês? A quem se estão referindo? A expressão “meu corpo” dá a entender que estão separados do corpo. Quando dizem: “Esta é a minha mente”, a mente está separada de vocês. Da mesma forma, quando dizem: “Este é o meu buddhi (intelecto)”, significa que buddhi está separado de vocês. Em todas essas expressões, o que é esse “meu”? Que “meu” sou “eu”. Esse “eu” foi mencionado por Jesus Cristo como o ego e deve ser suprimido. Esse é o verdadeiro significado da cruz. É eliminar o ego.
Vocês são limitados por dois aspectos: o “eu” e o “meu”. Essa é a escravidão humana. Se puderem libertar-se desses dois vínculos, o que permanece são unicamente vocês. Agora estão com o seu corpo. Suponham que devem deixar o corpo amanhã. Neste momento, quem são vocês, onde estão vocês? Não sabem! O corpo é como uma vestimenta, um manto. Quando se livrarem dessa vestimenta, sua verdadeira natureza aparecerá.
A mesma verdade foi explicada nesta frase: “Aquele que você pensa que é, aquele que os outros pensam que você é e aquele que você realmente é”. Essa é a verdadeira natureza do ser humano. Quando alguém pergunta quem são vocês, costumam responder: “Eu sou fulano de tal”. Dirão seu nome. Na realidade, esse nome lhes foi dado por seus pais, e não por Deus, quando vocês nasceram.
Suponham que perguntem a Deus: “Quem é você?” Ele responderá: “Aham Brahmasmi (Eu sou Brahman). Cada indivíduo deve lembrar-se: “Eu sou Brahman, não tenho outro nome”. Se alguém perguntar: “Qual é o seu nome?”, devem responder, “Meu nome é Brahman”. Se estiverem constantemente conscientes de sua verdadeira natureza, isto é Atma Tattwa. Não precisarão contemplar em algo mais.
Sempre que encontram um amigo ou um conhecido, cumprimentam-no com um Namaskar. Isso significa que, de fato, estão reverenciando a Divindade imanente na pessoa. Portanto, não abriguem o sentimento de “eu”, “eu”, “eu”. Todos esses corpos físicos são como papeis desempenhados em um drama. Eles se modificam. O próprio mundo é um drama cósmico. Lembrem-se, continuamente, de que estão representando seu papel no drama cósmico e de que sua natureza verdadeira é que você é uma Encarnação do Divino Ser (Atma Swarupa). Vocês têm alguma dúvida a esse respeito? (Swami perguntou, virando-se para a audiência...). Se conservarem qualquer dúvida, ficarão confusos.
Infelizmente, hoje em dia, as pessoas desconhecem sua verdadeira natureza. Como, então, poderão saber sobre Deus? Portanto, em primeiro lugar, perguntem a si mesmos: “Quem sou eu? Quem sou eu?” Vocês compreenderão que “Eu sou Eu, sou o Atma”, “Eu sou Eu, sou o Atma”, “Eu sou Eu, sou o Atma”. Caso se esqueçam desse Eu Divino, o que permanece é apenas o ego. Portanto, sejam divinos.
Rama, Krishna, Govinda etc. são somente referências à Divindade na linguagem comum. Uma pessoa é chamada por vários nomes, com base no relacionamento do nível físico. Uma pessoa refere-se a ela dizendo: “Ele é meu genro”. Outra diz: “Ele é meu filho”. Uma terceira pessoa diz, “Ele é meu irmão”. Assim, as ligações acontecem na medida em que os relacionamentos aumentam. De onde surgem essas ligações? Tudo é produto de vocês mesmos.
Vocês casam-se com uma moça e dizem: “Ela é minha esposa”. Mas, antes do casamento, quem era ela? Vocês não sabem. Depois de alguns anos, quando ela afinal partir definitivamente, nada saberão sobre ela. Portanto, não sabem quem era ela antes do casamento ou para onde foi após sua partida. A relação do casal existe somente no intervalo entre esses fatos.
Portanto, não se aflijam sobre o passado. O passado é passado, e o futuro é incerto. Vocês não sabem, não têm conhecimento, seja do passado ou do futuro; estão conscientes somente do presente. Logo, vivam no presente. Essa é a única realidade.
Bhagawan concluiu Seu discurso com o bhajan, “Hari bhajan bina sukha santhi nahin…)
Tradução e revisão da Coordenação de Publicação
Conselho Central do Brasil
Fonte: http://www.sathyasai.org/discour/2009/d091225.html
Data: 25/12/2009 – Ocasião: Natal – Local: Prasanthi Nilayam
1 Baba está referindo-se ao término da colheita no sul da Índia que, via de regra, ocorre entre os meses de novembro e dezembro.
1 Organização Sri Sathya Sai do Brasil www.sathyasai.org.br
2 No original inglês, Baba faz um jogo de palavras entre peace (paz) e pieces (pedaços). O similar em português seria paz e pás.
2 Organização Sri Sathya Sai do Brasil www.sathyasai.org.br
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