segunda-feira, 15 de novembro de 2010

Personalidades Parasita

"o amor cobre a imensidão de nossos pecados"

Frederich Myers, um grande pesquisador, diz-nos mais ou menos o seguinte: "o eu pode sobreviver, e sobrevive realmente, não só às desintegrações secundárias, que o afetam no curso de sua vida terrestre, mas também a desintegração derradeira que resulta da morte corporal". Analisando o texto, todas as aspirações que nós produzimos sobrevivem após o desencarne; as alegrias e as tristezas, as aspirações cultivadas ao longo de uma vida, assim como as crenças enraizadas por um ser ao redor de nossas existências.

Todas as emoções e conhecimentos que determinada pessoa viveu e adquiriu , no momento do desencarne, são transcritos numa espécie de memória espiritual, uma espécie de arquivo eterno do nosso espírito. Hermínio Miranda também é simpatizante da idéia, sendo que ele cita, em seu livro Alquimia da Mente, o livro Falando a Terra, através da mediunidade de nosso querido "Chico" Xavier. Vejamos o que diz a mensagem de Romeu A. Camargo, uma pessoa que participou da formulação do livro, relatando seu desencarne: "a memória, depõe, como que retira da câmara cerebral, às pressas, o conjunto das imagens que gravou em si mesma, durante a permanência na carne, a fim e incorpora-la, definitivamente, em seus arquivos eternos".

Imagine agora a quantidade de vezes que isso ocorreu no decorrer de todas as nossas existências, as qualidades e a quantidade de sentimentos existentes dentro de nossos arquivos eternos que nossas personalidades foram produzindo ao redor dos milênios; somos muito mais o que imaginamos ser; há sentimentos desconhecidos de nós, latentes em nosso íntimo, na profundidade de nossa memória espiritual.

Vamos mais fundo. E se por ventura, essas idéias de nosso passado espiritual sentem-se vivas em algum momento de nossa vida? A história diz-nos que Santo Agostinho lutava contra seu "eu pagão" que vinha a noite para atormentá-lo. André Luís, no livro Nos Domínios da Mediunidade, diz-nos, em conversa com seu instrutor espiritual sobre o assunto, dá o seguinte testemunho:

"(...)-Não vejo a entidade de quem a nossa irmã se faz intérprete, alegou Hilário, curioso".

Aúlus afagou a fronte da doente em lágrimas, como se lhe auscultasse o pensamento e explicou:

-Estamos diante do passado de nossa companheira. A mágoa e o azedume, tanto quanto a personalidade exótica que dá testemunho, tudo procede dela mesma.

Analisando o texto acima, Hilário, parceiro de estudos de André Luís, classifica a pessoa em sofrimento como "intérprete", ou seja, não é "ela", mas "algo" ligado a ela, mais especificamente, algo de seu espírito. Aúlus explica perfeitamente que se trata da personificação do passado do ser em questão e complementa: "passa a comportar-se qual ainda estivesse no passado que teima ressuscitar. É então que se dá a conhecer como personalidade diferente, a referir-se na vida anterior.
(...)-Sem dúvida, é alguém que volta ao pretérito e comunica-se com o presente, porque ao influxo das recordações penosas que vê assaltada, centraliza seus recursos mnemônicos ao ponto nevrálgico que viciou o pensamento. Para a psiquiatria comum é uma candidata ao "eletro choque", para nós, uma enferma espiritual, uma Consciência torturada, exigindo amparo moral e renovação íntima, única base sólida que lhe assegurará o reajustamento".

Dessa forma, podemos dizer que somos assediados pelo nosso próprio passado espiritual, em formas de personalidades parasitas, espécies de fantasmas psíquicos que se desprenderam da memória do espírito. Nesse sentido, o Dr.Gustave Geley também acata a idéia acima, haja vista que, para ele, a pessoa conservaria, para cada existência vivida na carne, uma espécie de "arquivo especial" que, eventualmente, poderia aflorar e assumir o controle consciente do corpo físico, expulsando momentaneamente o "dono da casa." (ler o livro O Ser Subconsciente).

Mas porque ocorre essa expulsão de parte do nosso passado em relação ao nosso presente?

Sabemos que o ser está fadado à perfeição, e para tal, precisa estar inserido na lei das vidas sucessivas. Quando, em vida posterior, se vê perto dos antigos algozes ou suas vítimas de passado reencarnadas, o desalinho com a personalidade atual e a individualidade explode, pois aquelas pessoas que os rodeiam representam todas as suas culpas e as suas vergonhas de outrora.

Conclui-se que todas as personalidades nossas que discordam de nossa vida atual possuem a consciência culpada, causando-nos em nosso espírito uma verdadeira cisão de suas partes em relação a sua essência.

É exatamente nesse momento que se dá a cisão do ser, o afloramento do passado espiritual em formas de personalidades parasitas, pró-tempore, iniciando uma espécie de auto-sabotagem, uma obsessão das "partes" doentes da individualidade que se esqueceu de amar os seus semelhantes e de possuírem uma vida pautada no equilíbrio.

Para Eduard Bach, a má relação individualidade (somatória de nossas existências)X personalidade é a origem das doenças que afligem as pessoas. No quarto princípio de seu livro Heal Thyself (Cure-se a si mesmo), o renomado médico das flores diz-nos que se relação for harmoniosa, seremos felizes e saudáveis; caso contrário cria-se um conflito que suscita a doença. O restabelecimento da saúde, portanto, consiste em realinhar personalidade e individualidade.

A questão é: o que alimenta o desalinho personalidade X individualidade? As intermináveis meditações de Bach levam-no a identificação de alguns sentimentos negativos como principais responsáveis pelas desarmonias que nos levam às doenças. Uma delas, em primeiro, é o orgulho. Seguiam-se, em seguida, a crueldade, o ódio, a ignorância, a instabilidade, a indecisão, a fraqueza de propósito e a ambição, além do egoísmo, considerada por Bach como a causa básica de todos os males.

Como na maioria das vezes alimentamos a causa de nossas doenças que tão bem citou o Dr. Eduard Bach, as nossas personalidades doentes se fortalecem dentro de nós, conectando-se facilmente às nossas psiques, pulsando sentimentos fortes que advém do passado espiritual de nosso espírito, tais como o orgulho, a crueldade, a ambição e outras.

Ora, se o ser continua a alimentar emoções negativas, se não busca a origem de seus sofrimentos, se não busca compreender as pessoas que o cerca, será uma continuidade de seu passado espiritual. Aquelas pessoas que foram prejudicadas em vidas passadas, agora reencarnadas, continuarão devedoras, e a consciência culpada aumentará ainda mais.

Assim sendo, seremos assediados pelo nosso próprio passado espiritual quando alimentarmos esse tipo de sentimento em nossas atitudes; ficaremos sadios ou doentes conforme os comportamentos que escolhemos e os pensamentos direcionados; nós, como encarnados, seremos professores amorosos de nossas personalidades de passado equivocadas ou parceiras de desalinhos, conforme a nossa vontade.

É fundamental que esclareçamos essas vidas mal-terminadas que vivem discordantes dentro de nós. Nesse enfoque, cabe a pessoa em sofrimento procurar uma equipe de trabalhadores mediúnicos sérios e competentes, e através do comando de um operador imbuído de sentimentos nobres, esclarecerem os envolvidos do passado discordantes de suas existências atuais, enfocando aos mesmos que suas existências já acabaram e que agora estão vivendo novas experiências como encarnados, novamente juntos, a fim de redimirem-se de suas antigas falhas, e libertarem-se, amando.

Cabe ao atendido em questão analisar com muita atenção os erros cometidos em outrora, os prejudicados pelas personalidades criadas pelo seu espírito, a fim de que haja um processo de compreensão do quanto somos devedores daqueles que nos cercam. É fundamental que verifiquemos nessa análise, possíveis deficiências de caráter que nossas antigas personalidades possuíam e que ainda continuamos a nutrir. Enfim, temos que nos responsabilizar pelos sofrimentos que nos afligem.

Esse é apenas o início da dissolução da consciência culpada. É preciso mais.

Para o realinhamento do ser e sua posterior libertação, cabe às pessoas buscarem pautarem suas vidas na lei de amor deixada por Jesus. As pessoas precisam ter consciência de sua tarefa grandiosa, que é tentar amar aqueles que o cerca, compreendendo-os e amando-os tais como são.

É fundamental que cultivemos sentimentos que causem o alinhamento da personalidade com a individualidade, tais como o amor desinteressado, a compreensão, a empatia, a abnegação, a renúncia, o otimismo, o altruísmo, o comedimento, a boa-vontade em ser útil às pessoas. Essas atitudes devem ser direcionadas àquelas pessoas que foram nossos inimigos de passado e que, nessa existência, provavelmente tenhamos dificuldades de relacionamento por causa de nosso passado espiritual obscuro.

É a partir daí, analisando atentamente, que descobriremos o poder do amor em nossas vidas. Como reflexão, fica a "pequena grande frase" escrita por Pedro, um dos apóstolos de Jesus: "o amor cobre a imensidão de nossos pecados".

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