Conheço várias pessoas adoráveis, sinceramente
engajadas na busca espiritual. Algumas participam de vários grupos de
estudo, cura e meditação, e dedicam de uma a duas horas por dia a seus
'decretos' e práticas espirituais ditadas pelos "Mestres Ascensos."
Tocado pela dedicação e candor dessas pessoas, comecei a pesquisar a
respeito dessas doutrinas e práticas que, obviamente, parecem estar
fazendo bem a elas. Com todo o respeito e carinho, gostaria de oferecer
as observações e considerações a seguir a essas pessoas queridas e a
milhares de outros irmãos devotos dos Mestres. Procurei enfocar a
questão de forma objetiva, apresentando considerações e sugestões que
poderiam ser investigadas por esses sinceros buscadores da verdade.
CONHECIMENTO DOS MESTRES
Até meados do século XIX muito pouco era conhecido no
Ocidente sobre os Grandes Seres, chamados no Oriente de Mahatmas, ou
Mestres de Sabedoria. No Oriente, principalmente na Índia, os Mestres já
eram conhecidos há milênios nos meios dos devotos e iogues. No
Ocidente, no entanto, somente uns poucos discípulos aceitos conheciam
seus Mestres, guardando essa informação de forma reservada, por respeito
a estes Santos Seres e para a proteção deles.
Foi somente a partir do final do século XIX, com a
fundação da Sociedade Teosófica e posteriormente com a divulgação dos
escritos de H. P. Blavatsky, que o conhecimento da existência dos
Mestres se espalhou nos meios esotéricos e filosóficos na Europa e nas
Américas. Alguns colaboradores de Blavatsky foram contrários a essa
divulgação, em virtude da tradicional reserva observada pelos discípulos
com relação a comentários públicos sobre a existência de seus
instrutores. Mas os tempos eram outros e os próprios Mestres
contribuíram indiretamente para que sua existência fosse amplamente
divulgada no Ocidente.
AS CARTAS DOS MESTRES
O principal meio de divulgação da existência e do
trabalho dos Mestres foi a publicação, no início do século XX, de uma
longa série de cartas escritas pelos Mestres,[2] entre
1880 a 1886, a dois ingleses, A. O. Hume e A. P. Sinnett, sendo a maior
parte dirigida a esse último. Sinnett, mais tarde, utilizou o material
contido nas cartas para escrever dois livros muito comentados na época: Budismo Esotérico e Mundo Oculto. Os
Mestres também enviaram cartas, em menor número, a outros colaboradores
seus, sendo muitas destas coligidas e publicadas por C. Jinarajadasa,
com o título de Cartas dos Mestres de Sabedoria.[3]
Essas cartas são marcos para o estabelecimento de
parâmetros sobre os ensinamentos desses Grandes Seres e para o
conhecimento de seus métodos de comunicação com aqueles poucos
aspirantes que apesar de não terem sido treinados no caminho ocultista,
de alguma forma mereceram recebê-las. Seu valor especial está no fato de
serem reconhecidas por quase todos os estudiosos como sendo de autoria
dos Mestres. Algumas foram recebidas poucos instantes depois de terem
sido "enviadas" por Sinnett, no próprio verso do papel em que as
perguntas tinham sido feitas. É importante frisar que a maioria das
cartas foi precipitada. O Mahatma K.H. respondendo a Sinnett
sobre esse processo disse: "Devo pensar bem, fotografando cuidadosamente
cada palavra e frase no meu cérebro antes que possa ser repetida por
'precipitação'."[4] Blavatsky
comentou sobre esse processo que: "O trabalho de escrever as cartas em
questão é efetuado por um tipo de telegrafia psíquica; os Mahatmas
raramente escrevem suas cartas da forma usual. Uma conexão
eletro-magnética, por assim dizer, existe no plano psíquico entre um
Mahatma e seus chelas, um dos quais age como seu secretário."[5] O
curioso é que, não importa qual chela venha a escrever manualmente a
carta, a letra será sempre exatamente a do Mestre. Um fato que ainda não
foi explicado pela ciência moderna é como a tinta foi colocada, não na
superfície do papel, mas no seu interior. Permanece inexplicável,
também, como estrias, feitas com a mesma tinta com que a carta foi
escrita, foram incorporadas a espaços regulares no papel. Esses e muitos
outros detalhes técnicos foram estudados em profundidade por um dos
maiores especialistas em grafologia e falsificações, Vernon Harrison,[6] gerente de pesquisas da Thomas De La Rue (equivalente à Casa da Moeda Britânica). Essas cartas encontram-se no Museu Britânico.
A Summit Lighthouse, uma das principais fontes de
canalização de mensagens atribuídas aos Mestres Ascensos, confirma a
existência e autenticidade destas cartas: "a fundação da Sociedade
Teosófica deve-se aos Mestres Morya e Koot Hoomi, que a utilizaram para
difundir seus ensinamentos para o Ocidente, em parte por meio de cartas
pessoais dirigidas a um punhado de alunos teosóficos."[7]
Apesar do interesse de Sinnett em tornar-se um
discípulo aceito do Mestre Koot Hoomi, geralmente referido como K.H.,
seu principal correspondente, foi-lhe dito que ele não tinha os
requisitos para ser um discípulo, ou chela, como são conhecidos
na Índia. Seus hábitos de vida e, principalmente, seus condicionamentos
mentais, militavam contra a simplicidade e disciplina necessárias à vida
de um chela. Sem essa disciplina e reorientação de vida, seria
impossível para ele passar nos duros testes a que todos os discípulos
são submetidos.[8] Noutra
ocasião, explicando a natureza do treinamento dos discípulos e como
eles deviam arcar com as conseqüências de seu carma, disse: "Não guiamos
nunca nossos chelas (mesmo os mais avançados) nem os advertimos
previamente, deixando que os efeitos produzidos pelas causas que eles
próprios criaram, lhe ensinem pela melhor experiência."[9] Ao
solicitar uma comunicação direta com o Mestre sem comprometer-se a
nenhuma mudança em sua vida, recebeu como resposta: "Aquele que quiser
erguer alto a bandeira do misticismo e proclamar que o seu reino está
próximo tem que dar o exemplo aos outros. Ele deve ser o primeiro a
mudar os seus próprios modos de vida."[10]
OUTRAS FONTES DE INFORMAÇÕES SOBRE OS MESTRES
A partir de então, a literatura esotérica em geral e a
teosófica em particular, passou a referir-se extensamente aos Mestres.
Informações esparsas divulgadas por alguns de seus discípulos eram
repetidas nos círculos esotéricos, nem sempre com a exatidão devida,
contribuindo para a criação de certas lendas e imagens distorcidas sobre
esses Grandes Seres. Esta situação foi amenizada a partir de 1925, com a
publicação do livro, Os Mestres e a Senda. Seu autor, C. W.
Leadbeater, era discípulo do Mestre K.H. Leadbeater conhecia
pessoalmente seu Mestre bem como alguns outros membros da Grande
Hierarquia Branca, como a Fraternidade destes Grandes Seres é geralmente
conhecida. A obra ajudou a colocar muitos fatos em perspectiva.
Leadbeater, era um vidente avançado, conseguindo comunicar-se com vários
Mestres, tanto no plano físico como em outros planos. Por ser um
discípulo Iniciado, teve acesso direto a um grande número de informações
até então desconhecidas no Ocidente. Dentre as revelações de seu livro
vale a pena mencionar a estrutura da hierarquia dos Mahatmas, seu modo
de operação no mundo e seu processo de treinamento de discípulos.
Por outro lado, várias entidades do astral começaram a
enviar mensagens atribuídas aos Mestres. Essas comunicações geralmente
oferecem mensagens calcadas em palavras de solidariedade humana e amor
ao próximo. Muitas chamam a atenção para uma eminente crise que deverá
se abater sobre nosso planeta se os homens não se regenerarem e
atenderem aos apelos dos Mestres para uma mudança de vida. Para aqueles
que conhecem a literatura espírita, essas comunicações atribuídas aos
Mestres guardam um estreito paralelo com as comunicações de entidades
desencarnadas, os "espíritos", que desde o século XIX vêm sendo
recebidas por intermédio de médiuns em diversos países.
Em virtude do teor aparentemente benéfico dessas
comunicações, muitas pessoas poderiam questionar, por que nos
preocuparmos com a autoria dessas mensagens. Se elas estão estimulando
as pessoas para uma vida mais ética e amorosa, o que importa se essa
atribuição aos Mestres é correta ou não? Devemos nos lembrar que o
objetivo da vida espiritual é o conhecimento da verdade, objetivo esse
indicado por Jesus quando nos disse: "Conhecereis a verdade e a verdade vos libertará." (Jo 8:32) Mas não é só isso. Apesar
do teor adocicado das mensagens em pauta, elas trazem em seu bojo três
grandes perigos de distorção: sobre a maneira como os Mestres atuam no
mundo, a natureza do progresso espiritual dos discípulos e alguns
aspectos da vida oculta.
RELACIONAMENTO E COMUNICAÇÃO ENTRE MESTRE E DISCÍPULO
Em primeiro lugar, a atribuição dessas mensagens aos
Mestres cria uma idéia errônea sobre o método de operação dos Mahatmas
no mundo. Provavelmente ainda são válidas as palavras do Mestre K.H.
enviadas a Sinnett e aos teosofistas europeus no século XIX: "Nenhum de
vocês jamais conseguiu formar uma idéia acurada dos 'Mestres' ou das
leis do Ocultismo pelas quais eles são guiados."[11] Os
Mestres sempre indicaram que sua latitude para ação no mundo material é
consideravelmente limitada e que agem, via de regra, por meio de seus
discípulos no mundo e não por meio de comunicações bombásticas ou de
fenômenos para-normais, geralmente chamados de milagres.
Isso ficou claro no caso clássico de Sinnett que, ao
longo de sua extensa correspondência, instou os Mestres a demonstrarem
cabalmente ao mundo sua existência por meio de algum fenômeno
incontestável, como a materialização de um exemplar do jornal The Pioneer em Londres, no mesmo dia de sua publicação na Índia, e do Times em
Simla, na Índia, no mesmo dia de sua publicação em Londres, o que, em
virtude dos meios de transporte da época, esse feito seria um verdadeiro
"milagre." O Mestre K.H. pacientemente explicou a Sinnett: "Justamente
porque o teste com o jornal de Londres fecharia a boca dos céticos – ele
é impensável... A verdade é que nós trabalhamos usando leis e meios
naturais e não sobrenaturais... Você diz que metade de Londres seria
convertida se você pudesse entregar ao público de lá o jornal Pioneer no
mesmo dia da sua publicação. Permita-me dizer que, se as pessoas
acreditassem que a coisa era verdadeira, elas o matariam antes que
pudesse dar uma volta noHyde Park, e se elas não acreditassem, o
mínimo que poderia acontecer seria a perda da sua reputação e de seu bom
nome, por propagar tais idéias[12]."
O Mestre continuou a carta por várias páginas, apresentando seus
argumentos com extrema sabedoria e lucidez, provando a Sinnett que a
experiência milenar da Fraternidade comprova que a humanidade sempre
resiste aos fenômenos que não consegue explicar, endeusando ou matando
aqueles que os apresentam.
Os Mestres, portanto, agem no mundo através de seus
discípulos. Projetos, mensagens ou ações que desejam realizar para a
humanidade são efetuados por seus colaboradores no mundo material, sendo
atribuídos a esses colaboradores. Esse é um ponto básico, como podemos
verificar com obras 'inspiradas' como Luz no Caminho, A Doutrina Secreta e
tantas outras, que são sempre publicadas em nome do discípulo. O Mestre
solicita ou inspira seu discípulo a agir da forma desejada. Mas, deve
ficar claro aqui, que o Mestre quando muito solicita, sem jamais
atropelar ou forçar o livre arbítrio do ser humano. Os irmãos das trevas
agem de forma diferente, manipulando, hipnotizando ou forçando as
pessoas, de uma forma ou outra, sem respeitar sua vontade própria.[13] Para os agentes das trevas os fins justificam os meios, para os Seres de Luz isso seria inadmissível.
Dentro desses parâmetros, e levando em conta a
experiência dos membros da Fraternidade, acumulada ao longo de inúmeros
milênios de atuação no mundo, os Mestres sabem exatamente o que pode ser
feito e o que deve ser feito para ajudar cada indivíduo no seu estágio
atual de evolução. Jamais agem baseados em personalismos e preferências,
mas sempre de acordo com os méritos das pessoas, de suas condições
cármicas e das oportunidades para estender o maior benefício ao maior
número possível de pessoas, por meio das ações a serem realizadas por
seus colaboradores no mundo.
Quando estudamos o maravilhoso trabalho dos Mestres,
podemos imaginar que o mundo seria totalmente diferente se uma grande
parte da humanidade conhecesse esses Grandes Seres. Isso nos levaria a
pensar que um movimento de conscientização popular do trabalho dos
Mestres poderia ser um grande facilitador para a evolução. Somos
informados, porém, que justamente o contrário é verdadeiro. A última
carta escrita pelo Mestre K.H, em 1900, a Annie Besant, então Presidente
da Sociedade Teosófica, urgia ação muito específica a esse respeito:
"Muito poucos são aqueles que podem saber qualquer coisa a nosso
respeito... O falatório acerca dos 'Mestres' deve ser silenciosa mas
firmemente eliminado. Que a devoção e o serviço sejam somente para
aquele Supremo Espírito, do qual cada um é uma parte. Nós trabalhamos
anônima e silenciosamente, e a contínua referência a nós mesmos e a
repetição de nossos nomes gera uma aura confusa que atrapalha nosso
trabalho."[14]
MÉTODOS DE COMUNICAÇÃO DOS MESTRES
Convém esclarecer os métodos conhecidos pelos quais
os Mestres capacitam seus discípulos a transmitir informações e
ensinamentos ao mundo. A tradição esotérica sugere que os Mestres
geralmente usam dois métodos para transmitir informações que gostariam
de divulgar à humanidade. No caso de uma obra que no atual estágio
evolutivo da humanidade pode agora ser divulgada, mas que deve ser
transmitida absolutamente sem erros, geralmente imprimem telepaticamente
o texto na mente do discípulo para que esse, por sua vez, possa
escrevê-lo de forma correta. Esse parece ter sido o caso da obra Luz no Caminho,
escrita por Mabel Collins no século XIX. De acordo com Leadbeater, em
casos excepcionais, os Mestres podem até ditar a mensagem a ser
transmitida: "Há casos, em que uma incumbência de grande importância é
ditada palavra por palavra, e anotada no plano físico, na hora, pelo
recipiendário, mas tais casos são sumamente raros."[15]
O outro método, geralmente usado com discípulos mais
avançados, é a transmissão telepática de informações, conceitos e
idéias, deixando por conta do discípulo a formulação do texto final de
acordo com seus dons intelectuais e literários. Essas transmissões
geralmente ocorrem no plano mental abstrato ou no búdico (intuitivo).
Lembramos que nos planos superiores, as comunicações não são realizadas
por palavras, como em nosso mundo. Os conceitos são expressos de uma
forma simbólica sintética, e devem ser "decodificados" ou "traduzidos"
em palavras, pela mente concreta, para serem inteligíveis em nosso
plano.
Um exemplo clássico das comunicações por meio de discípulos avançados é o conhecido trabalho de Blavatsky A Doutrina Secreta. Ela era capaz de recolher informações dos registros akáshicos,
ler à distância textos que se encontravam em outros lugares (como na
biblioteca secreta do Vaticano) e receber comunicações de diferentes
Mestres colaborando na obra. Porém, a tarefa não era meramente a de
receber um ditado, mas sim a de compor, com suas próprias palavras o
texto a ser produzido. A Condessa de Wachtmeister, sua companheira
constante durante o período em que escreveu A Doutrina Secreta,
relata que, um dia: "... ao entrar no gabinete de Blavatsky, encontrei o
chão coberto de folhas manuscritas. Perguntei a razão desse aspecto de
confusão e ela respondeu: - Sim, tentei doze vezes escrever esta página
corretamente e toda vez o Mestre diz que está errado. Acho que vou ficar
louca, escrevendo-a tantas vezes; mas deixe-me sozinha; não descansarei
enquanto não o conseguir, ainda que tenha de ficar aqui a noite toda.
Uma hora mais tarde ouvi sua voz me chamando e, ao entrar, verifiquei
que havia, finalmente, concluído o trecho e de maneira satisfatória."[16]
COMUNICAÇÕES CANALIZADAS ATRIBUÍDAS AOS MESTRES
A principal consideração que nos levou a alertar os
estudantes de ocultismo para o perigo dessas comunicações, apesar de seu
caráter aparentemente beneficente, é o fato delas conterem muitas
distorções e, até mesmo, erros factuais e conceituais. Isso sugere que a
grande maioria, se não a quase totalidade dessas mensagens
provavelmente não é de autoria dos Mestres. Numa de suas cartas, K.H.
disse a Sinnett que não era possível a comunicação com ele por meio de
médiuns. "Você quer saber por que é considerado extremamente difícil, se
não completamente impossível para os Espíritos puros desencarnados se comunicarem com os homens através de médiuns ou Fantasmasofia.
Eu digo que é: (a) devido às atmosferas antagônicas que envolvem
respectivamente esses mundos; (b) por causa da diferença extrema que há
entre as condições fisiológicas e espirituais; e (c) porque essa cadeia
de mundos sobre a qual falei a você não é somente um epiciclóide, mas
uma órbita elíptica de existências, tendo como toda elipse não um, mas
dois pontos, dois focos, que nunca podem se aproximar um do outro. O homem está em um dos focos, e o Espírito puro no outro."[17]
Em outras palavras, as entidades do astral não são confiáveis como instrutores. Com exceção dos pouquíssimosNirmanakayas[18] que
atuam no astral para o benefício daqueles que estão de passagem naquele
plano, a grande maioria dos habitantes do astral que enviam mensagens
para pessoas encarnadas por intermédio de médiuns, já perderam seus
princípios superiores e estão em processo de decomposição. No entanto,
devido às características especiais daquele plano, essas entidades,
melhor conhecidas como cascões, ou cadáveres astrais, retêm parte de sua
memória passada e podem, além disso, entrar em sintonia com as emoções e
pensamentos das pessoas envolvidas na sessão mediúnica. Por essa razão
podem enviar mensagens baseadas em sua memória do passado bem como no
conhecimento atual dos encarnados que participam da sessão. Por isso, as
mensagens tendem a refletir a expectativa dos recipiendários, sendo
geralmente aceitas, apesar de não acrescentarem nada de novo em termos
de ensinamentos.
O Mestre K.H., respondendo a uma pergunta de Sinnett,
que sempre mostrou grande interesse pelos processos mediúnicos,
alertou: "Naquele mundo (o astral), meu bom amigo, nós só encontramos
máquinas ex-humanas, inconscientes e autômatas; almas em estado de
transição, cujas faculdades e individualidades adormecidas estão como
uma borboleta em sua crisálida; e os Espíritas esperam que elas falem
com sensatez! Colhidas em certas ocasiões pelo vórtice da corrente
anormal "mediúnica", elas se tornam ecos inconscientes de pensamentos e idéias cristalizadas em volta dos que estão presentes."[19]
Em inúmeras ocasiões os Mestres alertaram seus
correspondentes sobre os perigos das comunicações mediúnicas em geral, e
da virtual impossibilidade deste meio ser utilizado pelos Adeptos para
suas comunicações com seus colaboradores. Porém, deixaram claro que
muitas comunicações espúrias do astral seriam atribuídas a eles. "Pode
ocorrer que em função de objetivos próprios nossos, médiuns e seus
fantasmas sejam deixados à vontade e livres não só para personificar os
"Irmãos", mas até mesmo para forjar nossa letra manuscrita."[20] Esse
ponto deve ser levado em consideração nas mensagens atribuídas aos
Mestres. Todos os grandes reformadores espirituais alertam para esse
fato. Jesus, por exemplo, disse: "Guardai-vos dos falsos profetas, que vêm a vós disfarçados de ovelhas, mas por dentro são lobos ferozes" (Mt 7:15).
Examinemos, agora, algumas das distorções e erros
apresentados em certas comunicações atribuídas aos Mestres. Uma das mais
citadas e que provocou considerável impacto nos meios esotéricos foram
as obras de Alice A. Bailey. Ao longo de quase trinta anos (1922 a
1949), Alice Bailey produziu 24 obras, sendo 18 delas atribuídas a uma
entidade, por muito tempo referida simplesmente como "O Tibetano". Nos
últimos anos de suas atividades literárias Bailey deixou escapar, ou deu
a conhecer, os fatos não são muito claros, que "O Tibetano" era o
Mestre Djwal Khul, que havia ajudado o Mestre K.H. no trabalho da
Sociedade Teosófica no século XIX. Alice Bailey tinha uma mente
brilhante e destacou-se rapidamente nos meios teosóficos, chegando a
atuar como coordenadora da sessão esotérica da Sociedade Teosófica nos
Estados Unidos. Acabou deixando a S.T. para fundar sua Escola Arcana,
que ministrava por correspondência ensinamentos esotéricos, baseados nas
instruções atribuídas ao Tibetano.
Suas obras, escritas num estilo literário um tanto
convoluto, que tornava os assuntos tratados muito mais complicados e
aparentemente mais profundos, exerceram grande influência nos meios
esotéricos, sendo muito citadas. Com a repetição das citações as
informações apresentadas em suas obras foram adquirindo uma aura de
respeitabilidade inquestionável. Os estudantes de esoterismo que são
submetidos a esse bombardeio de informações de fontes aparentemente
fidedignas, depois de certo tempo, têm dificuldade para separar o joio
do trigo.
O autor deste ensaio pode falar sobre esta questão
com conhecimento de causa, pois foi estudante da Escola Arcana por cerca
de cinco anos, recebendo o material de instrução diretamente da sede da
Escola em Nova Iorque. Se por um lado o material era atraente em vista
da profusão de informações de cunho esotérico, continha vários pontos
que pareciam questionáveis.
Só consegui livrar-me do terrível emaranhado de
dúvidas e questionamentos em que estava enredado, quando vim a saber que
Alice Bailey somente teria tido inspiração do Mestre Djwal Khul para
suas três primeiras obras: Cartas sobre Meditação Ocultista, Iniciação Humana e Solar, e Tratado sobre Fogo Cósmico. A
ajuda e inspiração interior do Mestre Djwal Khul lhe teria sido
retirada pelo fato de usar aquelas obras e as atividades da Escola
Arcana para propagar suas idéias e preconceitos religiosos adquiridos na
infância e durante os anos em que trabalhou como evangelizadora da
Igreja Anglicana na Inglaterra, Irlanda e Índia[21].
Bailey acreditava literalmente no retorno de Cristo
para o estabelecimento de Seu Reino na Terra por mil anos. Esse foi o
principal ponto que teria provocado a ruptura com seu Instrutor, a
insistência em seus livros e palestras de que toda a Hierarquia estava
engajada no trabalho de preparação para o "iminente retorno do Cristo".
Apesar de aproximadamente oitenta anos terem se passado desde que
começou a pregar sobre o "iminente" retorno, a chegada de Cristo em
nosso sofrido planeta ainda é uma promessa a ser cumprida, pelo menos no
sentido em que sempre foi entendida pelos fundamentalistas, ou seja, de
forma corpórea e com toda Sua glória externa. Com a retirada da
inspiração do Mestre Djwal Khul, não se sabe que entidade apareceu para
ocupar o vazio criado na comunicação psíquica de Alice Bailey, mas seus
livros subseqüentes indicam uma certa mudança de estilo e passaram a
apresentar cada vez mais detalhes curiosos sobre a vida esotérica e o
trabalho da Hierarquia.
OS MESTRES "ASCENSOS"
A partir da década de trinta, do século XX, começou a
aparecer um tipo especial de comunicação canalizada, dessa vez
referindo-se aos Mestres "Ascensos". Ao que tudo indica, essas
comunicações começaram com as mensagens transmitidas por intermédio de
Guy Ballard. As comunicações de Ballard começam com os detalhes do que
teria sido seu primeiro encontro com o Mestre Saint Germain, no Monte
Shasta, na California. Informou que de lá foi levado em seu corpo sutil,
pelo Mestre, ao retiro de Monte Teton, escondido dentro daquela
montanha em Wyoming, EUA. A partir de então suas experiências foram
relatadas em diversos livros, como: Mistérios Desvelados, A Presença Mágica, Os Discursos EU SOU, Instruções de um Mestre Ascenso e O Amado Saint Germain Fala. Por
ocasião de sua morte, no Retiro de Royal Teton, teria finalmente
ascendido, passando a ser conhecido como o amado Mestre Ascenso Godfre.
O trabalho de Ballard parece ter aberto a caixa de
Pandora de onde saíram uma infinidade de outras comunicações atribuídas
aos Mestres Ascensos. Uma busca na internet revelará a variedade de
materiais existentes sobre esse assunto. Essas comunicações foram
"canalizadas" não só por sensitivos americanos, mas também de outros
países, inclusive do Brasil. Seria impossível, dentro do escopo deste
ensaio, tentar apresentar algo do trabalho de todos esses sensitivos ou
mesmo dos mais representativos. Procuraremos, no entanto, apresentar as
linhas gerais dos ensinamentos transmitidos por esses diferentes canais,
pois guardam considerável semelhança.
Antes, seria útil mencionar alguns dos grupos ou movimentos criados em função dessas comunicações. Os mais conhecidos são:
- O Movimento EU SOU
- Ponte para a Liberdade
- Vahali
- Fraternidade Pax Universal
- Centro Lusitano de Unificação Cultural
- Fraternidade dos Guardiões da Chama
- A Fundação Saint Germain
- O Templo da Presença
- Fundação para o Ensinamento do Mestre Ascenso
- The Summit Lighthouse.
Vale mencionar que, após as comunicações de Ballard,
talvez os movimentos com maior repercussão tenham sido a Ponte para a
Liberdade e a Summit Lighthouse (Farol do Cume), ambos fundados nos
Estados Unidos, passando a atuar em vários países, inclusive no Brasil.
Parte das informações sobre esses grupos apresentadas a seguir, em forma
resumida, foi retirada de folhetos, páginas da net e livros da Summit
Lighthouse do Brasil.
Em primeiro lugar, o que é um Mestre Ascenso? Um
Mestre Ascenso seria um iniciado que alcançou a Sexta Iniciação que,
para esses grupos, é tida como a Iniciação equivalente na tradição
cristã à Ascensão de Cristo aos Céus para ficar à direita do Pai. De
acordo com essa linha, a Primeira Iniciação seria simbolizada pelo
Nascimento do Cristo, a Segunda pelo Seu Batismo, a Terceira pela
Transfiguração, a Quarta pela Crucificação, a Quinta pela Ressurreição e
a Sexta pela Ascensão. Parece ter havido uma certa confusão nesta
codificação das iniciações. Até a Terceira, as Iniciações como
simbolizadas pela vida de Cristo conferem com a visão de outros autores.[22] As
diferenças aparecem a partir da Quarta Iniciação, já que os eventos da
Crucificação e da Ressurreição, que para a linha dos Mestres Ascensos
constituiriam iniciações separadas, sempre foram considerados pelos
estudiosos do Cristianismo Esotérico como dois aspectos da mesma
iniciação. "Na simbologia cristã a Quarta Iniciação está representada
pelas angústias sofridas no horto de Gethsêmane, a crucificação e
ressurreição de Cristo."[23] A
crucificação e a ressurreição representariam, assim, os dois lados da
mesma moeda, ou seja, a morte do homem velho e o nascimento do homem
novo de que fala Paulo. A tradição dos Mistérios egípcios descrevia essa
Iniciação ocorrendo numa cripta. Nela, o candidato era atado sobre uma
cruz de madeira, induzido a um transe profundo, equivalente à morte,
descendo então aos mundos inferiores em seus corpos sutis, para
finalmente ser desperto, ou "ressuscitado" pelo Hierofante no terceiro
dia.
A Quinta Iniciação, de acordo com a tradição
esotérica, constituiria a última iniciação do ciclo humano. A partir de
então, os Adeptos passam a trilhar uma nova Senda, incompreensível para a
nossa experiência humana. Nas palavras de Leadbeater, "O Adepto
realizou o propósito através daquilo que o fez homem, e assim dá agora o
passo final que o torna Super-homem –Ashekha, como o chamam os
budistas, pois ele nada mais tem a aprender e exauriu as possibilidades
do reino humano da natureza... No simbolismo cristão, a Quinta Iniciação
é representada pela Ascensão de Cristo e a vinda do Espírito Santo em
línguas de fogo, que corresponde à entrada no Adeptado, porque o Adepto
ascende a uma esfera superior à humanidade e muito além da terra."[24]
As comunicações dos Mestres Ascensos contêm
incontáveis detalhes sobre a vida dos Mestres, suas encarnações
anteriores, os retiros onde vivem, os projetos em que estão engajados, e
os dons e poderes divinos que operam em prol da realização do grande
plano divino. O estudante de esoterismo não cessa de se maravilhar com
as informações de caráter oculto oferecidas. As mudanças na estrutura da
Hierarquia são relatadas em todos seus detalhes. Somos informados que
Sanat Kumara, o Senhor do Mundo, foi convencido a deixar seu posto
supremo na Hierarquia, em favor do Senhor Buda. Com isso várias mudanças
ocorreram na estrutura hierárquica.
"Em 1º de janeiro de 1956, numa cerimônia realizada
no Retiro de Royal Teton (de forma surpreendente nos Estados Unidos e
não em seu tradicional reduto nas regiões trans-Himalaias), Gautama
sucedeu a Sanat Kumara no cargo de Senhor do Mundo e Maitreya sucedeu a
Gautama nos cargos de Cristo Cósmico e Buda Planetário, passando o manto
de Instrutor do Mundo aos candidatos a esse cargo, Jesus Cristo e
Kuthumi." Parece estranho que agora existam dois Instrutores do
Mundo, sendo um, o Mestre Jesus, do Sexto Raio, apesar desse cargo ser
sempre ocupado por um Mestre do Segundo Raio, pois esse reflete a
energia divina utilizada nessa função. Com isso outros espaços teriam
sido abertos nos cargos de Chohans dos Raios. O Mestre Ascenso Lanto
teria assumido o cargo de Chohan do Segundo Raio. Somos informados que
Lanto "alcançou sua mestria quando estudava sob a orientação do Senhor
Himalaia, Manu da Quarta Raça Raiz, cujo Retiro do Lótus Azul está
escondido nas montanhas que levam o seu nome." Outra promoção relatada é
a da Mestre Ascensa Nada, que assumiu o Sexto Raio, com a transferência
de Jesus, conjuntamente com Koot Hoomi, para o cargo de Instrutor do
Mundo.
Ao que parece, a Hierarquia passou, no século XX, a
refletir nos planos espirituais os anseios de melhor representatividade
de sexos e raças da era atual. Além da Mestra Ascensa Nada, somos
informados que a Mestra Ascensa Kwan Yin, que teria precedido o Mestre
Ascenso Saint Germain como Chohan do Sétimo Raio, tornou-se um dos sete
Mestres Ascensos que atuam no Conselho do Carma, trazendo assim um
melhor equilíbrio para a polaridade negativa na dispensação da
misericórdia e justiça divina. Até a minoria negra (nas Américas, onde
foram feitas essas revelações), obteve uma fatia do poder. "O Mestre
Ascenso Afra tornou-se o primeiro Mestre Ascenso da África, passando a
ser o patrono da África e da raça negra." Por outro lado, o caráter
predominante anglo-saxão da Hierarquia fica patente pelos cabelos louros
dos Mestres nas fotografias que são apresentadas no livro: Senhores dos Sete Raios de
Mark e Elizabeth Prophet, e nas páginas da WEB da Summit Lighthouse do
Brasil. Aparecem com cabelos louros: Jesus, Paulo Veneziano, Saint
Germain, Nada e Maria mãe de Jesus. Uma última curiosidade:
provavelmente refletindo o axioma hermético de que o que está em baixo é
como o que está em cima, encontramos na Hierarquia um misterioso ser
descrito como K-17, que seria o Diretor do Serviço Secreto Cósmico.[25]
Com a entrada da Era de Aquário, os Mestres teriam
informado que uma aceleração estaria ocorrendo no processo evolutivo da
humanidade. Para ajudar nessa aceleração a Mestre Ascensa Nada teria
concedido a dispensação da Ciência da Palavra Falada e o Mestre Ascenso
Saint Germain o poder para toda a humanidade transmutar seu carma
negativo por meio da Chama Violeta. Os procedimentos para a utilização
desse novo instrumental são explicados exaustivamente em inúmeras
comunicações de diferentes Mestres. A ajuda parece ser tão poderosa que o
discípulo que proceder de acordo com as instruções ministradas, poderia
"ascender" numa só vida.
É dito que um discípulo inteiramente dedicado pode
passar da Terceira Iniciação para a Ascensão (Sexta) em seis anos de
vida rigorosamente de acordo com a nova dispensação. A razão pela qual o
Caminho tornou-se tão mais fácil, comparado com o das antigas
tradições, é que com a nova dispensação, "Um Mestre Ascenso precisaria
transmutar ao menos 51 por cento de seu carma e receber as iniciações do
Raio Rubi no ritual da Ascensão."
Os Mestres Ascensos conferem grande atenção à Ciência
da Palavra Falada. Essa ciência ter-se-ia originado no momento da
manifestação do Universo, pois, no princípio "Deus disse: 'Haja luz' e
houve luz" (Gn 1:3). Para esse ato criador Deus não pensou nem meditou,
mas sim disse, 'haja luz'. O poder do Verbo é a energia mais poderosa de
toda a manifestação. Os Mestres Ascensos ajudaram o homem moderno a
"resgatar a Ciência da Palavra Falada, utilizada há 12 mil anos atrás nos templos sagrados da Lemúria e da Atlântida."[26]
A Ciência da Palavra Falada é operacionalizada por
meio de decretos. O homem, a quem Deus outorgou o poder de ser também um
criador, deve ordenar por decreto às hierarquias criadoras, presididas
pelos anjos e arcanjos, especificamente o que deseja realizar. O decreto
é, portanto, "o poder do Verbo na solução de problemas e elevação da
alma." Foi revelado que: "o decreto é a mais poderosa das petições à
Divindade. É uma ordem, proferida pelo filho ou filha de Deus em nome da
Presença do EU SOU e do Cristo, para que a vontade do Todo-Poderoso
seja manifestada, assim em baixo como no alto. É o meio pelo qual o
reino de Deus se torna realidade aqui e agora, usando o poder da Palavra
Falada."[27]
Somos informados que o ser humano deve ter fé no
poder dos decretos, pois "A lei cósmica afirma que as idéias expressas
em palavras tornam-se obrigatoriamente realidade quando são proferidas em nome de Deus e pela autoridade da chama de Cristo."[28] Para
aumentar o incentivo ao uso da Ciência da Palavra Falada, o Senhor
Maitreya teria anunciado por ocasião de uma conferência, realizada em
Washington, D.C., em 01/07/1961, que: "De hoje em diante, todo decreto que proferirdes será multiplicado pelo poder de dez mil-vezes-dez mil"[29], ou seja, será cem milhões de vezes mais forte.
O outro instrumento utilizado pelos Mestres Ascensos
para acelerar a evolução da humanidade é a utilização da poderosa
energia da chama violeta para a transmutação das negatividades. A esse
respeito os Mestres teriam declarado: "A dispensação permitindo que a
chama violeta fosse posta à disposição dos discípulos neste século foi
concedida pelos Senhores do Carma porque Saint Germain compareceu
perante esse augusto conselho para advogar, como defensor da humanidade,
a causa da liberdade." "A chama violeta perdoa à medida que liberta,
consome à medida que transmuta, elimina os registros do carma do passado
(saldando assim as vossas dívidas para com a vida), uniformiza o fluxo
de energias entre vós e os outros, e impele-vos para os braços do Deus
vivente." "Venho esta noite, em nome de Deus, para declarar a todos os
homens que a vida eterna é mantida pelo poder da chama violeta!
Compreendeis o que isso significa, amados? Significa que o uso da chama
violeta e do fogo sagrado dá a todos os homens o passaporte para a vida
eterna, e não há outro meio de obterem a liberdade."[30]
Numa série de comunicações mais recentes, a Mestra
Ascensa Kwan Yin teria concedido à humanidade sofredora um poderoso
método de cura, que veio a ser conhecido como Magnified Healing (Cura
Magnificada). Essa modalidade de cura seria antiqüíssima, sendo que
antes de 1983 só era usada nas dimensões superiores pelos Mestres
Ascensos. Em 1992, pela intervenção direta da Mestra Kwan Yin, a Cura
Magnificada do Deus Supremo do Universo teria sido facultada em sua
forma expandida para o avanço espiritual da humanidade e da Terra. Com a
disseminação desse processo de cura, já existem mais de 21 000
iniciados neste método em 52 países.
Magnified Healing foi dispensada originalmente a duas
co-originadoras americanas: Kathryn Anderson e Gisèle King. Kathryn é
uma Ministra Ordenada e mestre em Reiki, sendo uma Instrutora de
instrutores. Gisèle é uma curadora, Ministra-Diretora do Movimento da
Fraternidade Universal e mestre em Reiki.
Kathryn e Gisèle teriam recebido as Chaves finais da
Ascensão aceitando o manto de Instrutoras-Mestras de Magnified Healing
do Deus Supremo do Universo, por meio da Mestra Kwan Yin. A 3ª Fase do
método de Cura da Luz ter-lhes-ia sido dada pelo Arcanjo Melchizedek, no
final do ano de 1996.
AVALIAÇÃO DAS DOUTRINAS E PRÁTICAS
Avaliação é uma coisa séria. Para minimizar os
perigos de possíveis erros de apreciação das práticas e conceitos
apresentados na literatura canalizada sobre os Mestres Ascensos,
procurarei ater-me aos fatos mais relevantes, sobre os quais as
informações disponíveis permitem um nível aceitável de segurança nessa
avaliação.
Em primeiro lugar, os seguidores dos Mestres Ascensos
enfatizam práticas exteriores em detrimento da interiorização. Para
entendermos o perigo dessa distorção devemos recordar que os dois
esteios da vida espiritual são a autotransformação e a sintonia
crescente com Deus. Para isso é indispensável a introspecção, ou seja, a
mudança de foco do exterior para o interior. A auto-análise e a
meditação são as práticas mais usadas para esses fins. Os seguidores dos
Mestres Ascensos, no entanto, devotam horas às práticas externas
sobrando pouco tempo, entusiasmo e convicção para as práticas internas,
principalmente a meditação. Leadbeater, em suas considerações sobre o
caminho iniciático, indica que um dos três obstáculos para a Segunda
Iniciação é a superstição, que "inclui todas as espécies de crenças
irracionais e errôneas, entre elas a de que os ritos e cerimônias
externas são necessários para a purificação do coração. O Iniciado
verifica que todos os métodos que nos são oferecidos pelas grandes
religiões, tais como orações, sacramentos, peregrinações, jejuns e a
observância de múltiplos ritos e cerimônias, não passam de meios
auxiliares, e o homem prudente adotará disso o que ele achar útil para
si, porém jamais considerará qualquer deles como suficiente para
alcançar a salvação. Ele sabe definitivamente que tem de buscar a
libertação em seu interior."[31]
A Ciência da Palavra Falada é a principal prática
espiritual dos seguidores desse movimento. Realmente o Som, também
referido como o Verbo, o Logos e a Palavra, é a energia mais poderosa do
Universo. No entanto, o Som primordial, que deu início à manifestação
do Universo, não pode ser tomado como uma palavra pronunciada por Deus,
no sentido em que nós humanos a utilizamos no plano físico. Na
realidade, Deus não é uma pessoa com boca e cordas vocais que pronuncia
essa ou aquela palavra. Portanto, quando é mencionado em Gênesis que
Deus disse: "Haja luz", algo simbólico está sendo comunicado a nós seres
humanos, incapazes que somos de alcançar com nossa limitada mente
concreta o que ocorreu no Imanifestado ao gerar o mais elevado plano
espiritual da manifestação. Naquele momento, a ordem divina "ecoou" numa
dimensão do espaço inteiramente diferente do nosso mundo, fazendo com
que a vibração repercutisse de uma forma tal, que nós só poderíamos
concebê-la, em termos de nossa experiência, chamando-a de Palavra de
Deus. Reiteramos que quando tomamos as passagens da Bíblia em seu
sentido literal estamos sujeitos a tirar conclusões inteiramente
errôneas. Todas as escrituras sagradas são coletâneas de ensinamentos
profundos velados pela linguagem da alegoria e do símbolo.[32]
Em alguns casos encontramos distorções sutis, como na
mensagem a seguir, atribuída ao Senhor Maitreya: "Vários sistemas de
meditação ióguica oferecem métodos para acalmar a mente do homem e
produzir uma maior sintonia com o Divino. Alguns desses métodos
tornaram-se arriscados quando aplicados pelo homem ocidental, pois
exigem do praticante uma grande disciplina mental e espiritual. Os
decretos, por outro lado, são relativamente simples de dominar uma vez
compreendidos os princípios básicos, e muito mais eficazes."
Os métodos ióguicos "arriscados" são aqueles que envolvem a movimentação de energias, como o pranayama, o laya ioga, o kundalini ioga e o tantra ioga. No
entanto, a sabedoria milenar, conhecendo esses perigos, estabeleceu a
tradição de só transmitir a totalidade da prática por meio de um guru
devidamente capacitado, que acompanha os primeiros exercícios de seu
discípulo para assegurar que eles sejam realizados de forma correta e em
segurança. Ainda que alguns livros pareçam ensinar algumas dessas
práticas, ficam faltando sempre alguns passos fundamentais que só são
transmitidos de boca a ouvido.
Também não nos parece correta a afirmação de que o
decreto seja a forma mais elevada de comunicação com Deus, como sugerido
na seguinte passagem: "Essa ciência milenar (a Ciência da Palavra
Falada) combina oração, meditação e visualização com decretos poderosos –
e é um avanço em relação a todas as formas de oração usadas no Oriente e
no Ocidente." Os verdadeiros iogues e os místicos de todas as tradições
sabem, por experiência própria, que justamente o oposto é correto. A
oração falada sempre foi considerada a mais simples de todas as preces. A
mais poderosa é a oração do silêncio, ou contemplação, em que o
silêncio se estende até mesmo à mente. Os místicos conseguem por meio da
contemplação alcançar a união com O Bem Amado, como descrito na obra
clássica Castelo Interior ou Moradas, de Teresa de Ávila.[33] Esse também é o propósito central do ioga, a aquietação dos processos mentais, descrita na celebrada obra Ioga Sutras de Patanjali,[34] para que o iogue alcance o samadhi, ou união com Atma. "Deus
é silêncio em vez de discurso. A coisa mais bela que o homem pode dizer
de Deus é que, conhecendo Suas riquezas interiores ele torna-se
silencioso. Portanto, não seja tagarela com Deus."[35]
Muitos cristãos surpreendem-se ao saber que a "oração
do silêncio" foi ensinada por Jesus, há dois mil anos, como atesta a
passagem: "Tu, porém, quando orares, entra no teu quarto e, fechando tua porta, ora ao
teu Pai que está lá, no segredo; e o teu Pai, que vê no segredo, te
recompensará" (Mt 6:6). Como a linguagem da Bíblia é simbólica, a
seguinte interpretação é sugerida: entrar em nosso quarto, significa
entrar em consciência na câmara secreta do coração. Fechar a porta,
significa desligar-se dos ruídos do mundo e da mente. Orar ao Pai que lá
se encontra, significa nos sintonizarmos com a Presença de EU SOU em
nosso coração. Orar em segredo, significa aquietar a mente e permitir
que no silêncio que se segue, possamos ouvir a Deus, e não nossas
próprias palavras e pensamentos. Finalmente, a recompensa prometida, é
sermos admitidos à Sua Presença.
Quanto à prática de repetição de decretos em voz
alta, talvez outra orientação de Jesus apresentada no Sermão da Montanha
seja pertinente: "Nas vossas orações não useis de vãs repetições, como
os gentios, porque imaginam que é pelo palavreado excessivo que serão
ouvidos. Não sejais como eles, porque o vosso Pai sabe do que tendes
necessidade antes de lho pedirdes." (Mt 6:7-8).
As várias mudanças na Hierarquia anunciadas nas
comunicações atribuídas aos Mestres Ascensos poderiam ser questionadas, a
começar pela suposta renúncia de Sanat Kumara de seu posto de Senhor do
Mundo. A tradição sabedoria ensina que esse grande Ser comprometeu-se a
guiar a humanidade por todo o período de manifestação da Terra, como
chefe da hierarquia espiritual de nosso Planeta e Iniciador Único.
Encontramos em A Doutrina Secreta que esse augusto Ser "não deixará o seu posto senão no último dia deste Ciclo de Vida."[36]
É importante lembrar que o Senhor do Mundo expressa o
aspecto poder (Primeiro Raio) do Logos em nosso Planeta, e o Senhor
Buda o aspecto sabedoria (Segundo Raio). Se, porventura, o Senhor do
Mundo deixasse seu cargo seu sucessor seria um Adepto do Primeiro Raio e
não o Senhor Buda. Como todas as outras mudanças anunciadas na
estrutura da Hierarquia dependem da veracidade da renúncia de Sanat
Kumara a seu posto, achamos mais pertinente não tecermos argumentos
sobre as outras mudanças subseqüentes, apesar de existirem claros
indícios de que as coisas permanecem na Hierarquia como eram há um
século atrás. Mudanças na Hierarquia são muito raras, especialmente nos
mais altos níveis, onde um Grande Ser pode ocupar um posto por muitos
milênios. Essa questão, não só é difícil de resolver com provas cabais,
como é ainda, de certa forma, irrelevante para a vida espiritual. Nosso
progresso espiritual não depende em absoluto de nos mantermos
atualizados sobre as supostas novidades em Shambala.[37]
O aspirante deve se concentrar na autotransformação e
em dar o passo seguinte na Senda, e não em gastar o precioso tempo que a
Providência Divina lhe concedeu em especulações sobre a vida dos
Grandes Seres. Vale a pena lembrarmos mais uma vez a recomendação do
Mestre K.H., em sua última carta escrita em 1900: "O falatório acerca
dos 'Mestres' deve ser silenciosa mas firmemente eliminado. Nós
trabalhamos anônima e silenciosamente, e a contínua referência a nós
mesmos e a repetição de nossos nomes gera uma aura confusa que atrapalha
nosso trabalho."[38] Encontramos
na tradição judaico-cristã um paralelo nos mandamentos apresentados por
Moisés: "Não pronunciarás em vão o nome de Iahweh teu Deus" (Ex 20:7).
Talvez seja pertinente, porém, algumas observações
sobre alguns membros da Hierarquia, mencionados na literatura dos
Mestres Ascensos. Os novos Chohans que teriam assumido o Segundo e o
Sexto Raio, os Mestres Ascensos Lanto e Nada, não são conhecidos na
literatura esotérica tradicional, sendo mencionados pela primeira vez
nas canalizações atribuídas aos Mestres Ascensos. No caso de Saint
Germain e Kwan Yin os questionamentos são de outra natureza. É dito que
Kwan Yin precedeu a Saint Germain como Chohan do Sétimo Raio e que essa transferência de cargo deu-se em 1954.[39] No entanto, na obra Os Mestres e a Senda,
publicada pela primeira vez em 1925, é dito: "O Chefe do Sétimo Raio é o
Mestre Conde de Saint Germain, personagem histórico do século XVIII,
também conhecido como o Mestre Rakoczi."[40] Portanto, de acordo com a tradição oriental, o Conde de Saint Germain já era o Chohan do
Sétimo Raio, bem antes de 1954, quando, de acordo com a literatura dos
Mestres Ascensos, ele teria supostamente assumido essa alta função.
Com relação à Mestre Ascensa Kwan Yin, o problema é a
personificação antropomórfica de um princípio impessoal. Kwan-Shi-Yin e
Kwan-Yin, são nomes chinêses para os aspectos masculino e feminino de
Avalokiteshvara. De acordo com A Doutrina Secreta: "Kwan-Shi-Yin é
Avalokiteshvara, e ambos são formas do Sétimo Princípio Universal;
enquanto que em seu caráter metafísico mais elevado, essa Divindade é a
agregação sintética de todos os Espíritos Planetários, os Dhyan-Chohans.
Ele é o 'Manifestado por Si Mesmo'; numa palavra, o 'Filho do Pai'."[41] Não
podemos descartar a possibilidade de que tenha existido um Grande Ser,
coincidentemente na China, chamada de Kwan Yin, que tenha se tornado um
Mestre de Sabedoria. No entanto, em nenhuma parte da literatura
esotérica, antes do aparecimento das revelações atribuídas aos Mestres
Ascensos, qualquer referência foi feita a essa personagem. Ao contrário,
Kwan Yin sempre representou um princípio e não uma pessoa.
A outra prática central atribuída aos Mestres
Ascensos é a transmutação do carma por meio da chama violeta, de acordo
com o ministério do Mestre Ascenso Saint Germain. Muitos decretos e
rituais de cura estão voltados para esse fim. Em primeiro lugar, convém
investigarmos o método pelo qual esse procedimento teria se tornado
possível. Numa citação anterior, de material canalizado pela Summit
Lighthouse, foi dito: "A dispensação permitindo que a chama violeta
fosse posta à disposição dos discípulos neste século foi concedida pelos
Senhores do Carma porque Saint Germain compareceu perante esse augusto
conselho para advogar, como defensor da humanidade, a causa da
liberdade." Em primeiro lugar, os Senhores do Carma, ouLipikas,
os "escribas" que registram todas as palavras e ações dos homens nesta
Terra, como são conhecidos na literatura esotérica, "são os agentes do
carma"[42] e
não membros de um suposto conselho do carma. O carma sendo uma lei
fundamental e inexorável da operação da manifestação não está sujeito a
"deliberações" de um conselho. Tampouco os Mestres agem como políticos,
de forma emotiva visando o impacto popular, procurando modificar uma lei
irrevogável "advogando, como defensores da humanidade, a causa da
liberdade."
A transmutação, porém, é uma realidade conhecida da
alquimia. Como Saint Germain foi o maior alquimista conhecido, é natural
que os rituais de transmutação sejam sempre referidos a Ele,
principalmente quando é utilizada a chama violeta, instrumento de
trabalho notório do Sétimo Raio. No entanto, existe uma grande diferença
entre transmutar as negatividades de um indivíduo e transmutar seu
carma. Quando falamos de transmutar negatividades, estamos nos referindo
às tendências da natureza inferior da pessoa. Essas tendências, skandas de acordo com os budistas ou samskaras de
acordo com os hinduístas, são os tiranos que escravizam os homens numa
roda viva de repetições de atos, palavras e pensamentos negativos, que
necessariamente resultam em sofrimento.
Mas transmutação de carma é outro departamento. O
carma é uma das leis fundamentais do universo e, como tal, é imutável.
Imaginemos, por exemplo, outra lei do universo, a da gravitação. O que
iria ocorrer se um Grande Ser decidisse alterar um pouco a gravitação do
planeta Terra, para que ele ficasse mais perto do Astro Rei, o Sol? Ou
ainda acelerar ou retardar um pouco a rotação da Terra ao redor de seu
eixo? Por pouco que fosse a alteração, o resultado seria uma catástrofe
indescritível. Uma lei divina universal é, por definição,
tautologicamente, universal e eterna. Não pode ser alterada.
Blavatsky afirma categoricamente que: "Os Mahatmas são os servos, não os árbitros da Lei do Carma."[43] Vemos
nas Cartas dos Mahatmas várias passagens indicando a imutabilidade do
carma: "A justiça absoluta não vê diferença entre os muitos e os
poucos... Em nossa Fraternidade todas as personalidades submergem em uma
idéia – o direito abstrato e a justiça prática absoluta para todos."[44] "Não
podemos alterar o Carma, meu 'bom amigo', de outro modo nós
dissiparíamos a nuvem atual que há sobre seu caminho. Mas fazemos tudo o
que é possível nestas questões materiais."[45] "A vida e a luta pelo Adeptado seriam muito fáceis, se tivéssemos sempre varredores atrás de nós a limpar os efeitos por nós gerados em nossa inconsideração e presunção."[46] "Tendes
especialmente de conservar em mente que a mais leve causa produzida,
embora inconscientemente, e seja qual for seu motivo, não pode ser
desfeita nem os efeitos detidos em seu progresso, nem mesmo por um
milhão de Deuses, demônios e homens combinados."[47] Podemos
em sã consciência imaginar que os sábios membros dessa Fraternidade,
tendo afirmado de forma tão contundente a imutabilidade do carma, iriam
mudar de idéia alguns anos mais tarde e passar a 'varrer atrás de seus
devotos os efeitos gerados por seu carma?', ou 'transmutar as causas
produzidas e seus efeitos, que nem mesmo um milhão de Deuses, demônios e
homens combinados podiam desfazer?'
Jesus também pregou a imutabilidade do carma. Algumas
passagens da Bíblia atestam esse fato, na linguagem simbólica que lhe é
usual: "Porque em verdade vos digo que, até que passem o céu e a terra,
não será omitido nem um só i, uma só vírgula da Lei (do carma),
sem que tudo seja realizado" (Mt 5:18). "Assume logo uma atitude
conciliadora com o teu adversário, enquanto estás com ele no caminho,
para não acontecer que o adversário te entregue ao juiz e o juiz, ao
oficial de justiça, e, assim, sejas lançado na prisão (da roda de renascimentos).
Em verdade te digo: dali não sairás, enquanto não pagares o último
centavo" (Mt 5:25-26). "Tudo aquilo, portanto, que quereis que os homens
vos façam, fazei-o vós a eles, pois esta é a lei e os (ensinamentos dos)
profetas" (Mt 7:12). Paulo também reiterou esse ponto fundamental da
vida espiritual em várias passagens, sendo a mais direta: "Não vos
iludais: de Deus não se zomba. O que o homem semear, isso colherá" (Gl
6:7).
A imutabilidade do carma coloca em cheque todas as
reivindicações de práticas que prometem a transmutação parcial ou total
do carma. A repetição de decretos e o processo de cura de Magnified
Healing enquadram-se nessa categoria. Magnified Healing é certamente uma
poderosa energia de cura. Tendo recebido algumas aplicações dessa
energia, posso afirmar que senti a energia atuando em meu corpo. Tudo
leva a crer que Magnified Healing poderia ser considerado um
"super-Reiki" ou "Reiki magnificado." Essa hipótese ganha força quando
verificamos que as duas americanas disseminadoras originais do processo
já eram mestras de Reiki por muitos anos. Ainda que Magnified Healing
seja comprovadamente uma poderosa energia de cura, atuando sobre os
corpos sutis do ser humano, as considerações expostas acima, sobre a
imutabilidade do carma como uma lei universal, põem em questionamento a
reivindicação de que a dimensão espiritual dessa energia também poderia
transmutar o carma do "paciente." É interessante notar que a aplicação
dessa energia, dispensada pelo 'Deus Supremo do Universo,' pode ser
cobrada dos "pacientes," em contraste com a antiga lei oculta de que as
energias espirituais não podem ser objeto de comercio. Nesse particular
nossos irmãos espíritas são mais coerentes: os 'passes', a participação
em rituais de cura e até mesmo as operações espirituais não são
cobradas, ainda que os beneficiários possam contribuir de livre e
espontânea vontade para a manutenção da obra. O estudante de esoterismo
teria muito a aprender sobre essa questão em Palmelo, cidade goiana onde
existem dezenas de indivíduos e instituições voltados para a cura
espiritual.
Voltando ao carma, a Lei divina estabelece que a semeadura é opcional, mas a colheita é obrigatória. Mesmo os chelas e
iniciados estão sujeitos à Lei. Isso nos remete ao ponto seguinte, a
suposta aceleração do processo evolutivo, possibilitando a um discípulo
tornar-se um Mestre Ascenso transmutando somente 51 por cento de seu
carma.
A milenar tradição esotérica postula que, para
receber a Quarta Iniciação, o Iniciado tem que quitar todo seu carma
pendente. Essa é a razão porque alguns neófitos estranham o fato de
certos santos e notórios servidores da humanidade, que ao longo da vida
mostraram desprendimento, sabedoria, amor ao próximo e bondade para com
todos os seres, sofrerem todo tipo de infortúnio, doenças e até mesmo
perseguições. Talvez um ou dois exemplos facilitem o entendimento da
Grande Lei. O saudoso Chico Xavier passou a vida fazendo o bem, mas foi
várias vezes injuriado e durante toda a sua vida sofreu de uma ou outra
doença. Com seu conhecido bom humor, dizia que, apesar de uma vida
celibatária, sempre foi assediado por duas senhoras: Glaucoma e Angina,
que não lhe deixavam em paz (com terríveis dores nos olhos e no
coração).
A indômita Helena Blavatsky renunciou a tudo para
viver exclusivamente a serviço do mundo, tendo sido difamada, injuriada e
passado por necessidades materiais e enfermidades dolorosas,
permanecendo, porém, sempre firme no serviço de seu Mestre. Dois fatos
relacionados à imutabilidade do carma aparecem de forma curiosa na vida
de Blavastky. Numa batalha pela unificação da Itália, recebeu um tiro,
ficando a bala alojada perto da coluna, causando-lhe dores e
desconforto. Apesar dos médicos não poderem retirar a bala ela, com seus
poderes ocultistas, poderia desmaterializar o projétil. No entanto, não
tinha permissão para faze-lo, pois estaria infringindo a lei do carma e
usando poderes ocultos em benefício próprio. Num determinado momento
enquanto estava trabalhando na sua grande obra, A Doutrina Secreta,
seu corpo combalido não dava mais sinais de resistir aos inúmeros
problemas de saúde que enfrentava. O médico que a acompanhava já dava
como certa a sua morte. Nesse instante, porém, seu Mestre apareceu em
corpo físico e perguntou se ela queria por um fim ao seu sofrimento ou
preferia continuar a viver para terminar seu trabalho. Blavatsky não
hesitou em decidir pela continuação do trabalho. Seu Mestre, então,
reanimou seu corpo dando-lhe uma sobrevida, porém, sem curar as doenças
que tinha, ou seja, sem mudar seu carma.
A única explicação para essas aparentes incoerências
do carma, nos casos de Chico Xavier, Blavatsky e tantos outros
servidores da humanidade, é o fato de que esses grandes iniciados
estariam resgatando o restante de seu carma ainda pendente de vidas
passadas, para capacitá-los à Quarta Iniciação, que os tornariam Arhats,
seres que não mais precisam encarnar, se optarem por entrar em Nirvana.
A vida de sofrimento dos candidatos à Quarta Iniciação é, certamente,
equivalente a uma verdadeira "crucificação" ainda que, no seu devido
tempo, as atribulações sejam substituídas pela glória da "ressurreição."
A possibilidade de uma aceleração no processo
evolutivo por meio de certas práticas é, sem dúvida, um grande incentivo
para qualquer aspirante. No entanto, o famoso Caminho Acelerado de que
trata a tradição esotérica, é o árduo Caminho da Iniciação, para o qual
existem regras milenares rígidas seguidas pela Grande Hierarquia. A
tradição menciona que o homem passa simbolicamente por 777 encarnações,
desde sua individualização como ser humano até tornar-se um super-homem,
um Iniciado do Quinto Grau, um Mestre de Sabedoria. As primeiras 700
encarnações simbolizam o longo caminho do homem mundano, materialista,
vivendo para a gratificação dos sentidos. As 70 encarnações seguintes
simbolizam o considerável período de desenvolvimento intelectual e
moral, levando ao despertar espiritual, até tornar-se um discípulo
aceito preparando-se para a Primeira Iniciação. As últimas 7 encarnações
simbolizam o Caminho Acelerado, o número de encarnações necessárias
para aquele que "entrou na corrente" atingir "a outra margem," ou seja,
trilhar o Caminho Iniciático da Primeira à Quinta Iniciação.
Esses números de encarnações, obviamente são
simbólicos. Podem ser mais ou menos, dependendo do empenho de cada alma.
O que é importante é a ordem de grandeza das três grandes etapas: a
etapa das Iniciações representaria um décimo do tempo da etapa de
evolução intelectual e moral, e essa um décimo da etapa da vida do homem
comum, inteiramente mundana, egoísta e materialista.
Em contraste com essa experiência milenar, a
literatura dos Mestres Ascensos acena com uma notável aceleração do
processo. Por exemplo, é dito que o discípulo dedicado pode passar da
Terceira Iniciação para a Ascensão em seis anos de trabalho intenso.
Somos informados, também, que os principais "canais" desses movimentos,
chamados de "mensageiros dos Mestres" teriam alcançado a Ascensão, ou
seja a Sexta Iniciação, enquanto se supõe que Blavatsky e Chico Xavier
não alcançaram mais do que a Quarta Iniciação. Guy Ballard teria se
tornado o Mestre Ascenso Godfre e Mark Prophet o Mestre Ascenso Lanello.
Espera-se que um ser que "ascendeu" tenha tido uma
longa série de encarnações à serviço da humanidade. Esse parece ter sido
o caso dos dois grandes mensageiros dos Mestres Ascensos. Ballard
relatou ter-se encarnado anteriormente como George Washington, e os reis
da Inglaterra Henrique V e Ricardo I (Ricardo Coração de Leão). No
caso de Mark Prophet, sua viúva informa-nos que em vidas passadas ele
teria sido: Noé, Ló, Ikhnaton, Esopo, o discípulo Marcos, Orígenes,
Lancelote, Bodhidharma, Saladino, Boaventura, Luís XIV e Longfellow.
Obviamente não nos compete questionar a nobre
linhagem desses mensageiros dos Mestres Ascensos, pois não temos
credenciais para tanto. No entanto, devemos lembrar que o Noé da Bíblia é
um personagem mítico. Ele representa o poder criativo masculino, sendo
também a personificação de um dos dez Sephiroth.[48] Nas palavras de Geoffrey Hodson: "Noé é a personificação do ocupante de uma Função (Manu) no Governo Espiritual dos Sistemas Solares, Cadeias, Rondas, Planetas e Raças. Noé representa mais especialmente os Manus Raiz e Semente, cuja vocação é de absorver e preservar dentro de suas auras (arcas), durante os Pralayas (dilúvio), as sementes das coisas vivas e as Mônadas dos homens. Essas eles entregam aos seus sucessores no início do Manvantara seguinte (a dispensação após o dilúvio)."[49]
È provável, portanto, que tenha havido um engano nas
informações canalizadas por Elizabeth Prophet. Não é possível que Mark
Prophet tenha se encarnado como Noé. É dito que na Hierarquia Terrena,
um Manu é um Iniciado do Sétimo Grau.[50] Portanto,
se Mark porventura tivesse sido Noé, teria regredido em vez de evoluir,
pois, após várias encarnações, teria alcançado no século passado outra
vez o nível de um Mestre Ascenso, ou seja a Sexta Iniciação, na
terminologia da Summit Lighthouse. Esse fato levanta uma dúvida: erros
semelhantes também não poderiam ter ocorrido em outras partes do
material canalizado por Elizabeth Prophet e pelos outros mensageiros dos
Mestres Ascensos? Nesse caso, que grau de confiança podemos ter no
material canalizado?
CONCLUSÕES
É dito que existem tantos Caminhos como existem seres
humanos e que as necessidades de cada um mudam com o passar do tempo.
Assim como as brincadeiras de criança dão lugar aos esportes e à busca
da sensualidade no adolescente, mais tarde aos jogos de poder no adulto
e, finalmente, no homem maduro ao anseio espiritual, assim também, o
buscador da verdade passa por diferentes etapas em sua jornada. Em cada
etapa da vida teremos novos desafios. Assim como a fruta só aparece na
estação certa, no ser humano o amadurecimento espiritual virá no seu
devido tempo, e a Providência Divina colocará ao nosso alcance as
circunstâncias mais favoráveis ao nosso progresso. Cabe a cada um,
porém, discernir o que lhe é mais apropriado e tomar as ações devidas
para aproveitar as oportunidades ao seu alcance.
Porém, devemos ter sempre em mente que todas as
informações, instruções e revelações do exterior, estejam elas contidas
nas Sagradas Escrituras, livros inspirados, nas palavras de grandes
sábios ou em mensagens canalizadas, são meramente meios para um fim. O
objetivo último de toda a vida espiritual é a experiência interior de
unidade com o Todo e com todos, ou a união com Deus, como dizem os
místicos. Nas palavras de Lama Govinda, "Os instrutores tibetanos sempre
enfatizam o fato de que a verdade última não pode ser expressa em
palavras, mas somente experimentada em nosso interior. Portanto, nossas
crenças não são importantes, mas sim o que nós experimentamos e
praticamos, e como isso afeta a nós mesmos e o ambiente que nos cerca."[51]
Aqueles que se sentem confortáveis em sua tradição ou
movimento, nele encontrando tudo o que seu coração pede, devem
aproveitar para mergulhar fundo em seus estudos e, principalmente, em
suas práticas. Devemos ter em mente, porém, que cada um de nós é um
diamante em processo de lapidação. Existem inúmeras facetas dessa pedra
preciosa que precisam ser buriladas. Em geral, precisamos mudar de
posição ou a direção do movimento, para burilar uma nova faceta. Por
isso devemos ter em mente a sabedoria milenar contida na preciosa obra: Luz no Caminho. Nela
somos instados a buscar o caminho: "Busca o caminho, retirando-te para o
interior. Busca o caminho, avançando resolutamente para o exterior.
Busca-o, mas não em uma direção única. Para cada temperamento existe uma
via que parece a mais desejável. Porém, só pela devoção não se encontra
o caminho, nem pela mera contemplação religiosa, nem pelo ardor de
progresso, nem pelo laborioso sacrifício de si mesmo, nem pela estudiosa
observação da vida. Nenhuma dessas coisas por si só faz adiantar ao
discípulo mais que um passo. Todos os degraus são necessários para subir
a escada."[52]
Por essa razão, convém ao buscador estar sempre
atento a outros enfoques, a outras doutrinas, além daquelas professadas
por sua religião, movimento ou tradição. É dito que uma das melhores
maneiras de entendermos as doutrinas de nossa religião é estudarmos
outra religião. Como estaremos começando do princípio e, no caso da
"religião dos outros," não seremos tolhidos por questões de fé
doutrinária, torna-se mais fácil estudarmos e questionarmos até
entendermos os pontos fundamentais dessa outra religião. Isso
invariavelmente nos remeterá a vários pontos paralelos de nossa própria
religião, que anteriormente haviam sido aceitos mesmo sem ser
entendidos. Como todas as religiões originam-se da mesma fonte e levam
ao mesmo objetivo, não é de se estranhar que venhamos a encontrar
inúmeras concordâncias ou paralelos em seus aspectos fundamentais. A
teosofia, a sabedoria divina, é exatamente a essência esotérica
fundamental que está por trás de todas as grandes religiões e tradições.
Para meus queridos irmãos, seguidores dos
ensinamentos dos Mestres Ascensos, que ainda estão lendo com pertinácia
este ensaio, apesar dos questionamentos levantados, sugiro simplesmente
que procurem ler as cartas dos Mestres publicadas originalmente no
século passado, e disponíveis agora em português.[53] Algumas pessoas talvez prefiram ler inicialmente o livreto: Meditações. Excertos de Cartas dos Mestres de Sabedoria,[54] que
apresenta citações selecionadas, relacionadas com as principais
virtudes requeridas na vida espiritual. Com essa leitura terão um termo
de comparação entre o estilo e a doutrina ensinada pelos Mestres no
final do século XIX e aquela apresentada atualmente pelo material
canalizado atribuído aos Mestres Ascensos. Se esse estudo indicar que
não existe grande diferença entre as duas fontes, então poderão
prosseguir com consciência tranqüila de que estão tomando todos os
cuidados possíveis para caminhar sempre em terreno sólido. Se, no
entanto, descobrirem que existem diferenças importantes de métodos de
instrução e de doutrina, terão então uma oportunidade para desenvolver
seu discernimento e testar até que ponto a intuição é capaz de guiar sua
vida.
Não há dúvida de que o anseio por receber instrução
do Mestre é legítimo. Porém não podemos nos esquecer de duas máximas do
ocultismo. A primeira é que: "Quando o discípulo está pronto o Mestre
aparece." Será que realmente estamos prontos para ser instruídos pelos
verdadeiros Mestres? Estamos prontos para enfrentar uma disciplina de
treinamento mais exigente e rigorosa do que a dos atletas olímpicos, não
só por alguns meses ou anos antes da competição, mas por toda nossa
vida? Estamos prontos para assumir o compromisso de servir à humanidade,
sem nenhuma distinção, por séculos e milênios sem fim, até que o último
ser humano seja salvo? Estamos prontos para renunciar ao nosso
conforto, aos nossos interesses pessoais e até mesmo aos nossos bens,
para executar o trabalho do Mestre? Estamos prontos a continuar a
servir, mesmo quando vilipendiados e injuriados? Estamos realmente
conscientes de todas as implicações de nossa eventual aceitação como
discípulo do Mestre?
A segunda máxima, uma extensão da lei do carma, é de
que "Cada um tem o Mestre que merece." Somente o próprio indivíduo pode
avaliar o grau de sua pureza de coração, de seu altruísmo, de sua
entrega à Deus, de seu amor incondicional por todos os seres, de sua
humildade e de seu discernimento, para saber que tipo de Mestre ele
merece.
O livreto apropriadamente intitulado Aos Pés do Mestre,
de autoria de Krishnamurti, menciona que existem quatro qualificações
para Senda. "A primeira dessas qualificações é o Discernimento,
usualmente tomado no sentido da distinção entre o real e o irreal, que
conduz o homem a entrar na Senda. É isso; mas é também muito mais, e
deve ser praticado não somente no início da Senda, mas a cada passo,
todo o dia, até o fim."[55] Os
Grandes Instrutores alertam repetidamente que todo discípulo está se
preparando para tornar-se um Mestre e, portanto, deve desenvolver seu
intelecto, percepção e discernimento ao ponto de jamais ser enganado
pelas ilusões do mundo. Se aspiramos a nos tornar discípulos, devemos
também desenvolver o discernimento, investigando todos os ângulos da
doutrina que nos for apresentada. Essa era uma recomendação constante do
Senhor Buda: submetermos sempre ao crivo da mente e do coração os
ensinamentos que nos são passados pelos sábios e pelas Escrituras,
incluindo até mesmo a doutrina que ele havia ensinado. A fé cega leva ao
fanatismo e à estagnação. A fé consciente, ao contrário, leva ao
crescimento e, no seu devido tempo, à iluminação.
Que a Luz Divina ilumine nossas mentes e fortaleça a
nossa determinação, para que possamos trilhar o árduo Caminho da
Perfeição que leva, no seu devido tempo, aos pés do Mestre.
[1] O autor é um estudante da tradição cristã, tendo publicado os livros: Pistis Sophia, os Mistérios de Jesus (Bertrand Brasil, 1997) e Os Ensinamentos de Jesus e a Tradição Esotérica Cristã (Pensamento, 1999)
[2] Cartas dos Mahatmas para A. P. Sinnett. Sua 1ª edição foi publicada em inglês em 1923, e publicada em português, em 2001, pela Editora Teosófica.
[3] C. Jinarajadasa, Cartas dos Mestres de Sabedoria, publicada pela primeira vez em inglês em 1919, e em português em 1996, pela Editora Teosófica.
[4] Cartas dos Mahatmas, Vol. I, pg. 85.
[5] Artigo de H.P. Blavatsky sobre Precipitação publicado originalmente no The Theosophist e reproduzido no livro: Five Years of Theosophy (Londres, Reeves and Turner, 1885), pg. 519.
[6] Vernon Harrison, H.P. Blavatsky and the SPR (The Theosophical University Press, 1997)
[7] Material contido na página da net da Summit Lighthouse do Brasil versando sobre o Mestre Ascenso El Morya Khan.
[8] "Nós deixamos que nossos candidatos sejam tentados de
mil maneiras diferentes, de modo que venha para fora a totalidade da
sua natureza interna, e deixamos a esta a possibilidade de vencer de uma
maneira ou de outra." Cartas dos Mahatmas, Vol. II, pg. 98
[9] Meditações. Excertos de Cartas dos Mestres de Sabedoria (Editora Teosófica, 2003), pg. 190.
[10] Cartas dos Mahatmas, Vol. I, pg. 43.
[11] The Mahatma Letters to A.P. Sinnett, compiled by A. Trevor Barker, The Theosophical University Press, California, 2nd.Edition, pg. 363.
[12] Cartas dos Mahatmas para A. P. Sinnett, Editora Teosófica, vol I, pg. 36.
[13] "Somente
os adeptos, isto é, os espíritos encarnados – estão proibidos pelas
nossas leis sábias e intransgressíveis de sujeitar completamente uma
outra vontade mais fraca – de um homem que nasceu livre. Este último
procedimento é o adotado preferencialmente pelos 'irmãos da sombra', os
feiticeiros, os fantasmas elementais." Cartas dos Mahatmas, op.cit., Vol. I, pg. 115-116.
[14] C. Jinarajadasa (compilador), Cartas dos Mestres de Sabedoria (Editora Teosófica), pg. 106-7.
[15] C. W. Leadbeater, Os Mestres e a Senda (Editora Pensamento), pg. 114-115.
[16] Condessa Constance Wachtmeister, Reminiscências de H.P. Blavatsky e de A Doutrina Secreta, Editora Pensamento, pg. 25-26.
[17] Cartas dos Mahatmas, Vol. I, pg. 124.
[18] Seres
humanos que alcançaram a mais alta iluminação, que os capacita a entrar
no estado de inconcebível bem-aventurança conhecido como Nirvana, mas que optam pelo sacrifício de permanecer na esfera terrena, para trabalhar em benefício da humanidade sofredora.
[19] Cartas dos Mahatmas, Vol. I, pg. 125.
[20] Cartas dos Mahatmas, Vol. II, pg. 152.
[21] Vide, Alice Bailey, The Unfinished Autobiography, N.Y., Lucis Publishing Co., 1951.
[22] Vide: Geoffrey Hodson, A Vida do Cristo do Nascimento à Ascensão (Brasília, Editora Teosófica, 1999); Annie Besant, O Cristianismo Esotérico (Editora Pensamento; C.W. Leadbeater, A Gnose Cristã (Brasília, Editora Teosófica); Alice A. Bailey,From Bethlehem to Calvary, The Initiations of Jesus (N.Y., Lucis, 1981); Rudolf Steiner, From Jesus to Crist (Sussex, Rudolf Steiner Press, 1991); e Raul Branco, Os Ensinamentos de Jesus e a Tradição Esotérica Cristã (Editora Pensamento, 1999).
[23] Os Mestres e a Senda, op.cit., pg. 197.
[24] Os Mestres e a Senda, op.cit., pg. 209-210.
[25] Mark e Elizabeth Prophet, A Ciência da Palavra Falada (Summit Lighthouse do Brasil), pg. 127.
[26] A Ciência da Palavra Falada, contracapa.
[27] A Ciência da Palavra Falada, pg. XXIII.
[28] A Ciência da Palavra Falada, pg. 20.
[29] A Ciência da Palavra Falada, pg. 62.
[30] A Ciência da Palavra Falada, pg. 77, 82 e 117.
[31] Os Mestres e a Senda, op.cit., pg. 188-9.
[32] Vide: Geoffrey Hodson, A Sabedoria Oculta na Bíblia Sagrada (no prelo).
[33] Santa Teresa de Jesus, Castelo Interior ou Moradas (Paulus, 1981).
[34] Vide: I. K. Taimni, A Ciência do Ioga (Editora Teosófica).
[35] Pensamentos de Eckhart e Sankara, dois dos maiores místicos do Ocidente e Oriente, citados por Rudolf Otto, "Mysticism East and West," (The McMillan Co., N.Y., 1932), pg. 31.
[36] H.P. Blavatsky, A Doutrina Secreta, Vol. I, pg. 246.
[37] Cidade mitológica, noutra dimensão, em que é dito residem os Grandes Seres.
[38] Cartas dos Mestres de Sabedoria, op.cit., pg. 107.
[39] Informação apresentada na página da net, versando sobre Magnified Healing e a Mestra Kwan Yin.
[40] C.W. Leadbeater, Os Mestres e a Senda, op.cit, pg. 242-243.
[41] H.P. Blavatsky, A Doutrina Secreta, vol. II, pg. 180.
[42] H.P. Blavatsky, Glossário Teosófico (Editora Teosófica).
[43] "Chelas and Lay Chelas", artigo originalmente publicado na revista The Theosophist reproduzido em Five Years of Theosophy (Londres, Reeves and Turner), pg. 55.
[44] Cartas dos Mahatmas para A.P. Sinnett, op.cit., Vol. II, pg. 260.
[45] Op.cit., Vol. II, pg. 318.
[46] Meditações. Excertos de Cartas dos Mestres de Sabedoria (Editora Teosófica, 2003), pg. 136-7.
[47] Meditações. op.cit., pg. 141.
[48] Geoffrey Hodson, The Hidden Wisdom in the Holy Bible, vol. II, pg. 53. Esta obra será publicada em breve em português.
[49] The Hidden Wisdom in the Holy Bible, op.cit., vol. II, pg. 168.
[50] Vide C. Jinarajadasa, Fundamentos de Teosofia (Pensamento), pg. 209.
[51] Lama Govinda, Insights of a Himalayan Pilgrim (Dharma Press), pg. 38
[52] Mabel Collins, Luz no Caminho (Editora Teosófica)
[53] Cartas dos Mahatmas para A.P. Sinnett, em dois volumes (Editora Teosófica), e Cartas dos Mestres de Sabedoria (Editora Teosófica).
[54] Também publicado pela Editora Teosófica.
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Sou profundamente Grata. LUZ e AMOR !!! Namastê
ResponderExcluirNamastê!
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